Greve dos motoristas de ônibus expõe problemas do transporte público

Wilson Ribeiro, CSP-Conlutas São Paulo

05/04/2014 - Neste ultimo dia 02/04, São Paulo amanheceu com a Zona Norte da cidade tumultuada com a greve dos motoristas de ônibus de duas empresas (Transcooper e Fênix) que impediu a circulação de 731 coletivos.

A greve foi deflagrada pelo fato de as empresas estarem demitindo os cobradores (cerca de 500) e deixando a tarefa de cobrar os passageiros para os motoristas. Segundo os empresários os motivos para as demissões são basicamente dois: 

1) Um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para contratação de 19 mil funcionários para o sistema de transporte público de São Paulo, com carteira assinada.

2) O valor do repasse que a prefeitura faz para as empresas de transporte, que hoje está em R$ 1,42 enquanto as empresas pleiteiam algo entre R$ 1,80 e R$ 2,10.

Transporte público estatal ou privado?
Os argumentos dos empresários expõem o dilema que os trabalhadores sempre enfrentam dentro de uma sociedade capitalista. Ou aumentam os lucros dos empresários ou melhora a vida dos trabalhadores.

Para as empresas contratarem trabalhadores com carteira assinada é necessário diminuir o número de funcionários, para se manter o lucro. Com isso há sobrecarga nos que ficam trabalhando, provocando doenças profissionais e, neste caso dos motoristas, também se provoca acidentes afetando a população.

Já o argumento da necessidade de aumentar o valor do repasse mostra bem a pressão que os empresários fazem para o aumento das passagens. Eles aceitam fazer o contrato a R$ 1,42 durante a licitação e depois exigem aumento para continuar a prestar o serviço.

Portanto, o objetivo do setor privado será sempre o lucro e o que menos importa é a qualidade do serviço prestado à população. Mas, se fosse público seria diferente?

A nosso ver seria diferente se a prefeitura tivesse uma orientação política de prestar um bom serviço à população, com boa qualidade e segurança no transporte público e com boas condições de trabalho e melhores salários aos motoristas.

Uma empresa pública estatal não precisa ter lucro, aliás, pode até ser deficitária, se estiver prestando um bom serviço à população. O governo deve subsidiar seus serviços para que a comunidade possa se beneficiar.

Neste sentido, até a passagem poderia ser mais barata, e até de graça! A depender da vocação do partido em que estivesse no governo.

O PT escolhe o capitalismo e lucro em detrimento do social
Muitos trabalhadores votam no PT por enxergarem naquele partido uma organização que defendesse os interesses dos trabalhadores. Na opinião desses, o PT é ainda muito melhor que os partidos burgueses em geral e o PSDB em particular.

Ocorre que o PT ainda tem “raízes” na classe trabalhadora e muitos sindicatos e organizações populares seguem dando apoio a ele.

Mas, o PT não faz por merecer esse apoio. O prefeito Haddad teve a oportunidade de retomar o transporte público municipal para as mãos da prefeitura, uma vez que a concessão estava acabando.

Bastava uma decisão política de estatizar o transporte público e recriar a CMTC, enfrentando os interesses dos tubarões do transporte público. Com essa decisão, a passagem poderia baixar de imediato, no mínimo, para R$ 1,40 que é o valor do repasse da prefeitura às empresas de ônibus.

Isso significaria uma redução de mais de 50% no custo das passagens, o que melhoraria muito a vida dos trabalhadores que não têm vale transporte e dos populares e estudantes que precisam da condução pública.
Também seria melhor para os motoristas e condutores, que poderiam ter melhores condições de trabalho e melhores salários. Mas, Haddad está a favor de continuar com as empresas privadas do trasnporte público.

Por isso, a luta dos trabalhadores deve ser para que a prefeitura do PT estatize o transporte público municipal, baixe o valor das passagens e valorize os trabalhadores do setor. A população trabalhadora de São Paulo deve se somar aos motoristas e cobradores para fazer essa cobrança do prefeito Haddad.

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